segunda-feira, 8 de julho de 2013

(Escrevo.Sinto.Partilho): A(mor)tómico.


O estranho seduz-me. O intrigante perturba-me. 
Ao ponto de ser sádico e perverso este sentimento que tanto me delicia. Aprecio tudo o que me confunde.
E questiono-me: 
serei um engenho explosivo prestes a detonar, num corpo refém e mártir pela sua causa ou compete-me controlar a explosão atómica de sentires e pensares que em mim habita?
O que sinto contigo comparo-o à estrutura do cosmos: duas partículas atómicas, viajam num espaço comum, a velocidades alucinantes. Eu, eletrão. Tu, protão. Por mais variadas que sejam as nossas trajetórias! A tendência será a estabilidade máxima, aquando da união do sentimento que nos é comum (?) Chamem-lhe presunção, cá para mim acredito (duvido?) que é apenas a lei da física, que também é química, explosiva, aplicada as leis da atração, do amor. Sabes, é que se já há poucos eletrões, mais raros são aqueles que me atraem como tu o fazes.
Diz a física, que se tu, protão, estivesses inerte no espaço e chocasses comigo, eletrão, dar-se-ia um choque tremendo e, consequente um afastamento entre nós, com a minha projeção para bem longe de ti. Se bem me conheço, voltaria a ser atraído, chocaria de novo e voltaria a afastar-me. Mas tu, protão, não estás parada, muito menos sozinha. Viajas no espaço a velocidade indescritível, sempre acompanhada de outras partículas em constante reação que te tentam seduzir. Acredito que os ignores, julgando pelo jogo atómico que fazes comigo. Fazes-te valer desses olhos e olhares hipnotizantes, atrais-me para um ponto do espaço onde já não estás no momento seguinte. E voltas a fazê-lo num outro ponto do espaço. E voltas a fugir, sucessivamente.
Neste “toca e foge” atómico, quem corre por gosto não cansa, mas faz umas interrupções estratégicas. Nesta equação, há que contar com uma inércia de revolta na resposta do eletrão à reação do protão. Isto, porque, se não houvesse tal resistência e a resposta fosse instantânea, o eletrão chocaria com o protão, num choque que ditaria um afastamento em definitivo. 
O que é fácil, conquista-se e perde-se, ainda mais, facilmente.
A verdade é que o choque entre mim, protão e tu, eletrão, será sempre de grande impacto! Cabe-te a ti, no teu “toca e foge” e a mim, no meu “pára e arranca”, tornar esta sádica energia que nos envolve, numa reação a(mor)tómica que carrega tanto de intrigante como de cativante e apetecível!
Chocamos?
Gonçalo Nunes, 2013.

sábado, 24 de novembro de 2012

(Escrevo.Sinto.Partilho): "Invergasmo".

"Aprecio o misticismo das noites invernais!
A ansiedade dos pés gélidos pela penetração no tórrido calor de umas pantufas.
O prazer da unicidade do toque de cada pingo de chuva no vidro de uma janela.
A vítrea perversão pelo compassado escorregar de cada gota, como se de uma dança erótica se tratasse.
O ar provocador com que as chamas de uma lareira estimulam e seduzem o olhar. A cumplicidade de um manto envolto num corpo. A devassidão no toque de uma mão com um curvilíneo copo de vinho. A satisfação pelo suave contacto do fumo de um cigarro nos lábios. A impressão de prolongamento das sensações, como se o tempo se expandisse em si mesmo.

Noites aquecidas pelo frio. Noites iluminadas pela escuridão. Noites ruidosas de tanto silêncio. Noites de reflexão. Noites de contemplação. Noites de imaginação. Noites de sedução. Noites de satisfação. Noites… de inverno".

GN, 2012.

sábado, 20 de outubro de 2012

(Escrevo.Sinto.Partilho): "Ensaio sobre o Amor. Cegueira sobre a Justiça"".


Quero acreditar que a justiça é prova cabal de que o amor é cego.
Consenso, procuro-o, perante olhares de suspeição. Compreendo a desconfiança. Ao escrever na primeira pessoa, torno-me o principal suspeito. Mas,  in dubio pro reo... Farei o que estiver ao meu alcance, farei força probatória do que afirmo, na esperança que seja pleníssima! Apresento-me como suspeito, traço o meu perfil, apresento o meu motivo, defendo-me perante a lei... da vida... do amor! Suspeito, investigador, advogado. Encarno, à medida que as peles se soltam do meu corpo. E renascem. E voltam a cair. Para que no fim, se prove que por muitas peles que caiam, a veracidade do sentimento se mantém intacta.
Caindo a pele do suspeito, abrem-se os poros ao investigador.
Perfilo-me como um banal rapaz, nos seus 20 e poucos anos, mas já com uma personalidade vincada. Capaz de tudo por aquilo que acredito. O amor é uma delas. Senão a capital. É esse o meu motivo para o crime, o amor que nutro por ti, a vítima.
Altura de analisar o modus operandi.
Aliciamento! Invasão de coração privado! Posse ilegal de amor! Assalto de coração desarmado. Sequestro. Tentativa de fazer do teu coração refém do meu. Mantive e mantenho, o meu refém do teu. Prometi e disse a verdade, só a verdade e nada mais do que a verdade. Por traços sinuosos, picos altos e baixos, passei no teste do polígrafo.
Reunidas todas as provas, cai mais um pedaço de pele. Avizinha-se o julgamento final. Sobra-me a pele de advogado, no calor da paixão. Defendi o que sinto com todas as minhas forças. Foi um longo caminho. Penoso? Não direi!
Proferi as minhas alegações finais, entreguei-me em jeito de confissão.
Cabe-te a ti julgar ou ser julgada...
Em primeira instância, caso queiras julgar, corro o risco de ser ilibado por instabilidade emocional e psicológica. Corro o risco de cumprir um pesada pena... na solitária solidão.
Em segunda instância, cabe-te a ti ser julgada... Com que fundamento? Basta seres minha cúmplice neste crime passional!
Ad eternum?

(Vejo.Sinto.Partilho): "A" U "B"!


domingo, 12 de agosto de 2012

(Escrevo. Sinto. Partilho): Na crista da saudade...


Estranho acordar. Estranha brisa matinal. A saudade abateu-se sobre mim, tal e qual uma tempestade que se abate sobre o mar! Se, até então, não se haviam levantado quaisquer ondas, eis que me vejo envolvido pela agitada maré da saudade. Desnorteado e em alto mar. Um náufrago. Dei à costa... desamparado, ainda combalido! Enveredo pelas tormentas do pensamento, da saudade. Recomeço a navegar. Qual Álvares Cabral!? Qual tradição marítima lusitana!? Saudade não é lenda como reza. A melancolia da lembrança dos entes queridos deixados para trás, ainda hoje a voltei a sentir. É passado, presente e futuro.
Consciente da inconsciência da saudade, inicio o meu diário de bordo. Letra a letra, palavra a palavra, frase a frase, folha em folha. E lanço a garrafa ao mar, a cada dia que passa, a cada risco traçado. E aguardo, esperançado que dê à costa e vá se atracar nas mãos dos que “saúdo”! E continuo a escrever, sem saber se naufraguei, ancorei ou, simplesmente, “matei a saudade”...
Gonçalo Nunes

sábado, 30 de junho de 2012

(Leio.Sinto.Partilho): Addicted to...

"Love is like a narcotic. At first it brings the euphoria of complete surrender. The next day, you want more. You’re not addicted yet, but you like the sensation, and you think you can still control things. You think about the person you love for two minutes, and forget them for three hours. But then you get used to that person, and you begin to be completely dependent on them. Now you think about him for three hours and forget him for two minutes. If he’s not there, you feel like an addict who can’t get a fix. And just as addicts steal and humiliate themselves to get what they need, you’re willing to do anything for love."

- Paulo Coelho, By the River Piedra I Sat Down and Wept

(Leio.Sinto.Partilho): Ms. a.k.a Miss!

"Don't ever tell anybody anything. If you do, you start missing everybody."
- J. D. Salinger, The Catcher in the Rye

sexta-feira, 15 de junho de 2012

(Leio.Sinto.Partilho): "Be" vs "Seem to Be"

“Though my friends envied me because I always seemed so cheerful and confident, I was secretly terrified of practically everything.” 
- Erica Jong, Fear of Flying

quinta-feira, 10 de maio de 2012

(Leio.Sinto.Partilho): Let's do it ! ?

"Do not wait until the conditions are perfect to begin. Beginning makes the conditions perfect."
- Alan Cohen