terça-feira, 22 de novembro de 2011

(Escrevo): Mais do mesmo (I)

Não soubeste arriscar. Ou não quiseste. Ou talvez, não pudeste. Quando o Passado não nos larga e nos prende, é impossível vivermos plenamente o Presente. Queremos mas não podemos. Mas queremos. Não que alguém nos impeça! Nós próprios nos encarregamos de o fazer por esse “alguém”, ou talvez direi, por esse “ninguém”. É a nossa consciência que não o permite. Não permite que enganemos quem gosta realmente de nós mas de quem, infelizmente, não gostamos da mesma forma. Ou se calhar de quem até gostamos mas… isso nunca saberemos (ou só viremos a saber mais tarde). Não permite muito menos, que nos enganemos a nós mesmos. Tentamos fugir a isso mas não dá. Dizem que o tempo cura tudo (Será!?), mas a verdade é que é esse mesmo tempo que tudo cura, que nos rouba o “Amanhã” e “o” transforma em presentes e (in)constantes “Ontens”. É o tempo que, cada vez mais, me faz acreditar que não existe Presente, que existe o imediatamente antes, a que chamamos “Ontem”, e o imediatamente depois, o “Amanhã”. O Presente é momentâneo, é imediato. Só podemos compreender o efémero (!) Presente olhando para trás. Não nego. Mas também quero e gostava de acreditar, que o Presente não pode ser vivido sem se olhar para a frente. Se bem que olhar para a frente é como construir um edifício sob bases frágeis. Ou até mesmo construí-lo sem quaisquer bases. O “olhar para a frente” é, pode ser, uma miragem. O “olhar para a frente”, não é mais do que um sonho, uma utopia. Reflecte as nossas ambições, o que um dia gostaríamos de alcançar, as metas que pretendemos alcançar e pelas quais faremos tudo para as concretizar. Mas como poderemos construir o “Amanhã” se ainda não o vivemos? Dizem que somos nós quem traça o nosso Destino! Gostaria de acreditar nisso, mas a verdade é que vivemos apoiados (prejudicados!?) pelo Passado. Esse sim já foi vivido. E continua a sê-lo. Está presente em tudo o que fazemos. Marca-nos. É com “Ele” que, apesar de todos os erros e tristezas, aprendemos, porque as únicas desgraças completas são aquelas com as quais nada aprendemos.


Gonçalo Nunes, 2009 

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